Identidade e

memória

Não nos interessa a memória como arquivo frio ou linha do tempo linear. Aqui, memória é corpo. É aquilo que vibra na pele, nas histórias que ouvimos antes de dormir, nos gestos que repetimos sem perceber. É o que sobreviveu ao silêncio, o que atravessou gerações mesmo quando tudo ao redor tentava calar. Memória é também escolha: o que decidimos lembrar, o que fazemos com o que herdamos.

Trabalhamos com a lente da justiça reparativa, reconhecendo as marcas que a violência estrutural deixa nos corpos, nas trajetórias, nas narrativas. Sabemos que nem sempre tivemos o direito de contar nossa própria história, mas é exatamente por isso que contamos agora: com cuidado, com presença, com escuta.

Neste mês, nossas atividades em dramaturgia, audiovisual, música, literatura e artes visuais partem dessa investigação: o que a memória revela sobre quem somos? E o que acontece quando reconhecemos nossas raízes, não como amarras, mas como fonte?

Memória é solo onde a identidade pode florescer. E identidade, quando reconhecida e cuidada, vira horizonte.

É por isso que esta temporada é convite: a lembrar, a recontar, a se reconectar.